MATÉRIA DA ANPUH-RR: PROFESSORES E ALUNO DO CURSO DE HISTÓRIA DA UERR PARTICIPAM DE EXPEDIÇÃO AO BAIXO RIO BRANCO, EM RORAIMA.

por Victor Mattioni (ANPUH-RR)

No grupo da expedição que realizou registros de cerâmicas indígenas na região sul do estado de Roraima houve a participação de professores associados a ANPUH-RR,

Três professores e um aluno do curso de Licenciatura em História da Universidade Estadual de Roraima-UERR, participaram de uma expedição de 8 dias (12 a 19 de setembro de 2021) na região do Baixo Rio Branco, localizada na região sul do estado. O objetivo da atividade consistiu na realização de pesquisas de reconhecimento e investigação de um cerâmicas encontradas por moradores da comunidade de Santa Maria Velha, ao sul de Santa Maria do Boiaçu, no município de Rorainópolis, localizado no estado de Roraima.

Participaram da viagem a Profª. Msc e Coordenadora do curso, Giseli Deprá, o prof. Dr. André Augusto da Fonseca (ANPUH-RR), o Prof. Msc. José Victor Dornelles Mattioni (ANPUH-RR) e o acadêmico do curso Nadson Leitão de Oliveira Júnior.

De acordo com a professora Giseli Deprá, o trabalho permitiu o reconhecimento, registro e análise do material encontrado em Santa Maria Velha, como artefatos que estão presentes em diversos lugares da comunidade e que estão sendo resguardados pela comunidade. A intenção dos professores de história é reunir as informações adquiridas, os vestígios encontrados e relacioná-los a estudos sobre a Amazônia antiga (pré-colombiana) a fim de compreender o processo de ocupação humana naquela região.

A participação nesta expedição permitiu conhecer algumas comunidades do baixo Rio Branco e compreender sua dinâmica social. Além disso, os resquícios materiais de cerâmica representam para o campo de história uma rica possibilidade de estudos. A partir dessa experiência podemos pensar em futuras atividades que envolvam aulas práticas com outros professores e alunos do curso, visando contribuir com mais informações e enriquecer a formação dos alunos de história, destacou a professora do curso de História da UERR.

Na opinião do Prof. Dr. André Augusto da Fonseca, a pesquisa pode incentivar novos estudos arqueológicos no estado de Roraima: "O último esforço sistemático de pesquisa arqueológica em Roraima foi no tempo do território federal, quando o arqueólogo Pedro Mentz Ribeiro, de Santa Cruz do Sul (RS), efetuou um levantamento em 23 sítios da região do lavrado (nordeste de Roraima), incluindo a Pedra Pintada, Pedra do Perdiz e Pedra do Maruai, com financiamento do governo territorial e coordenação do Museu Paraense Emílio Goeldi, em 1985”.

Entretanto, continua Fonseca, a região de Santa Maria Velha é de natureza bem diferente, pois está situada em região de floresta úmida de terra firme e revela, pelo menos, cinco estilos cerâmicos diferentes, localizados em um grande depósito de terra preta formando um semicírculo de 230 por 68 metros. No material coletado superficialmente, predomina a cerâmica policrômica, popularmente conhecida como "marajoara", que se difundiu pela Amazônia Central no século XII, ou seja, mais de 800 anos atrás.

Para o professor José Victor Dornelles Mattioni, a participação da comunidade durante revela o interesse pela preservação:

“Ouvir os moradores de Santa Maria Velha sobre como eles descobriram as cerâmicas e outros objetos foi muito importante. Além disso, destaca-se que nenhum dos vestígios encontrados foram retiradas da localidade, permanecendo sob a posse dos moradores. Concordamos com eles sobre a importância destes materiais permanecerem na região para evitar sua dispersão e a não-devolução destes vestígios para a comunidade.

“Outro fato que nos deixou encantados ocorreu durante as escavações, foi a participação das crianças que moram na comunidade. Foi especial vê-las nos auxiliando a encontrar vestígios que estavam a centímetros da superfície. Elas ficaram muito entusiasmadas, enquanto nós ficamos felizes com esta atividade em conjunto, e desejamos que isto seja uma maneira de iniciar uma prática educacional de preservação dos vestígios encontrados em conjunto a escola localizada em Santa Maria Velha e valorizando a História da região”, completou Mattioni.

Para o acadêmico Nadson Leitão, conhecer o Baixo Rio Branco foi muito importante para incentivá-lo nos estudos sobre a História de Roraima:

“Foi uma experiência fantástica e inesquecível. Poder estar em contato com as culturas e fontes que só lemos nos livros ou vemos por imagens. Como acadêmico de História foi é uma emoção ter contato direto com vestígios de outras populações anteriores a nossa. Em tempos de aulas remotas, poder estar no Baixo Rio Branco foi realizando pesquisas de campo foram muito significantes, além da natureza ao nosso redor, as diferenças culturais e as histórias vividas e contadas pelos moradores da região. Foi incrível!”.

Este trabalho é dedicado a todos os moradores do Baixo Rio Branco, em especial às comunidades de Santa Maria do Boiaçu, Santa Maria Velha e Sacai.